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Atendimento Psicológico para Brasileiros no Exterior



atendimento psicológico para brasileiros no exterior
A solidão pode acompanhar a realização

POR QUE BRASILEIROS PREFEREM FAZER PSICOTERAPIA NA MESMA LÍNGUA?


Acolho muitos brasileiros que moram fora do Brasil e preferem fazer o atendimento on-line com um psicólogo brasileiro, a realizá-lo em outro idioma. Alguns até tentaram e mesmo sem saber explicar o porquê, não gostaram.


Eu compreendo bem! E é basicamente um motivo: cada cultura consolida uma estrutura psíquica e estar em outra cultura gera uma crise de identidade e crises nas relações. Para facilitar o entendimento, vou apresentar 5 tópicos reflexivos.


1-  A linguagem é mais do que simplesmente palavras. Antes de tudo é expressão de uma cultura: valores éticos, morais, religiosos, os costumes, ampla construção histórica e de relações geopolíticos.


Fazer terapia em outra cultura, outra língua, às vezes traz uma angústia de não pertencimento, certa sensação de que não está sendo realmente compreendido. Mesmo parecendo lógicas, as intervenções do psicólogo não soluciona. As expressões utilizadas não chegam da mesma forma e, às vezes,  a direção dada como solução também não faz sentido, exatamente porque cada cultura propõem um caminho para as questões humanas e sociais.


2-  A dinâmica da formação psíquica foi estudada e elaborada por Freud, criador da psicanálise. Ele esclareceu sobre a dinâmica do nosso funcionamento psíquico como sendo a articulação entre o ego, o id e o superego. O ego (expressa o senso de quem eu sou), o id (energia pulsional, instintiva dos nossos desejos, sejam eles positivos ou negativos) e fica o tempo todo confrontando o ego para realizá-los e o superego, o senso de limite de realidade). O superego que é exatamente os valores éticos e morais (o que é certo e errado), que é diferente para cada cultura, religião e construção da sociedade internalizado, introjetado dentro da estrutura psíquica de cada indivíduo.


Cada cultura apresenta um superego dentro da dinâmica psíquica e da identidade, da personalidade, e viver em outro país, fará aflorar as dificuldades internas e, praticamente fazer com que haja uma nova organização psíquica. Assim um psicólogo de outro país possui a configuração de superego, e do psiquismo como um todo, de outra forma, trazendo dificuldade na realização do processo psicoterápico.


3- A dificuldade de adaptação a outra cultura nada mais é do que a estrutura psíquica sendo intensamente desafiada!  Um novo arranjo de identidade é cobrado, uma atualização da estrutura psíquica e de personalidade, checando assim, inclusive, a estrutura psíquica já existente, promovendo em algumas pessoas uma crise mais intensa.


No convívio social mais superficial, às vezes não surgem grandes sofrimentos. É bem comum o convívio com pessoas do mesmo país ou em grupos de estrangeiros, nunca se tornando realmente parte daquela comunidade.  Mas podem aparecer maiores dificuldades ao lidar com as exigências profissionais, as diferenças nas relações hierárquicas, a compreensão real de que tipo de comportamento é desejado e valorizado, trazendo inseguranças no dia a dia.


4- Mas as maiores demandas são da ordem afetiva e da intimidade, por serem realmente onde as diferenças se tornam mais nítidas! As exigências reativam as questões mal resolvidas de nossa criança interna e as questões mal resolvidas com os pais e novamente, os fundamentos da estrutura psíquica!


Os posicionamentos sociais de como deve ser um adulto nos países de primeiro mundo, difere muito dos nossos.  Por exemplo, uma criança é educada para ser adulta, trabalhar, se responsabilizar por si muito cedo e deixar a realização afetiva como secundária.


No Brasil, as crianças tendem a ser muito mimadas e super-protegidas, deixando para assumir a vida adulta muito mais tarde, (ao ponto de termos uma sensação de que isso nem ocorre de fato para todos). Isso traz uma dificuldade muito grande nos relacionamentos afetivos, inclusive na educação de filhos. As diferenças na linguagem corporal, o toque também é muito diferente trazendo para algumas pessoas uma certa timidez no que se refere à vida sexual, o que desafia muito a capacidade de comunicação e de lidar com as adversidades.


No geral dos relacionamentos, tendemos a projetar no outro nossos fantasmas, fantasias e desejos e em outra cultura isso fica muito mais difícil de resolver, porque não estamos no mesmo lugar social. Ficamos ao mesmo tempo sem espaço para nos resolver internamente, além de não saber o que fazer com as projeções vindas das pessoas desta outra cultura. Mesmo quando a busca pela psicoterapia é porque a pessoa precisa mesmo, sem nenhuma relação com a adaptação cultural, um psicólogo da mesma cultura faz muito mais facilmente esta elaboração!


5- O Brasil é constituído por pessoas de várias outras culturas, tendo uma abertura ao convívio multi-cultural que é raro em outro país. A identidade cultural destes países foi construída historicamente com guerras, casamentos e muita trama política, trazendo um apreço e rigidez muito grande a esta identidade cultural. Isso cria um dilema de convivência: dependem conviver e de receber pessoas de outros países mas não querem se misturar e perderam o que conquistaram como cultura e nível sócio - econômico, tendo também, suas dificuldades em lidar com os imigrantes. Assim, ou é um psicólogo dedicado a entender, respeitar as diferenças culturais ou será um atendimento de sofrimento.


Finalizando:


Realizar atendimento psicológico para brasileiros no exterior me traz grande satisfação! Sempre cuido, não só da demanda específica que originariamente motiva o atendimento, mas do entendimento da cultura atual para se relacionar melhor, afetivamente, sexualmente, profissionalmente; as questões de personalidade, de identidade. Dar um upgrade na estrutura interna e se tornar um cidadão do mundo. Em determinado momento é comum a sensação de não ser nem brasileiro nem do país onde está morando.


Ser um livre pensador e um cidadão do mundo é a solução que tendo a ajudar a pessoa a construir, por ser este o nível de maturidade exigido para dar conta dessa adaptação. E isso é bom! Conviver com o diferente, ser realmente um adulto maduro, se posicionar de forma adequada à cultura mas sem perder o potencial da criança interna, da ludicidade, criatividade e bom humor. Poder também contribuir para que esta outra cultura saia de sua rigidez identitária e aprender a ser feliz, conviver com fraternidade com outros povos: nosso legado.


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